O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais agentes causadores das infecções que acometem o trato respiratório inferior em crianças menores de 2 anos de idade, podendo ser responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade.
Na região sudeste, a sazonalidade do VSR ocorre entre os meses de março e julho, ou seja, período de maior transmissão do vírus.
A maioria das crianças é infectada no primeiro ano de vida e, virtualmente, todas as crianças serão expostas ao vírus até o final do segundo ano de idade, com reinfecções durante toda a vida.
Pode se manifestar desde formas leves (semelhante ao resfriado comum), assintomáticas, até formas graves com comprometimento do estado geral e dificuldade para respirar.
Muitos estudos foram feitos acerca do VSR e hoje, além das medidas de contenção e disseminação do vírus como higienização das mãos e do ambiente, pode ser usado o Palivizumabe em recém-nascidos de alto risco, como bebês prematuros, com problemas cardíacos congênitos ou doença pulmonar crônica.
Como ocorre a transmissão do vírus sincicial respiratório?

A transmissão do VSR, ocorre de forma direta, ou seja, pelas secreções nasais, saliva ou gotículas; ou de forma indireta, pelo contato com superfícies e objetos que estejam contaminados e onde o vírus pode sobreviver algumas horas, como: brinquedos, maçanetas de portas, utensílios de uso do bebê, etc.
Qual o tratamento para o VSR?
Não há um tratamento específico para o VSR e as medidas de suporte são sempre recomendadas, além daquelas preventivas e de controle da infecção.
Seguem algumas recomendações:
– Fazer higiene das mãos com água e sabão, ou álcool a 70%,
– Deixar seu bebê descansar,
– Manter o nariz do bebê limpo, sem obstruções,
– Vigiar regularmente a respiração,
– Monitorar a temperatura, impedindo o aumento da febre com o uso de antitérmicos,
– Manter alimentação normal para a idade da criança,
– Manter o ambiente limpo, arejado e com ar umidificado,
– Evitar tabagismo passivo.
Quando procurar o serviço médico?

Assim como outras viroses, o tratamento para VSR visa medidas de suporte. Porém, alguns sinais podem indicar a necessidade de se recorrer aos serviços de saúde para tratamento com oxigênio ou receber hidratação por soro, por exemplo. Nestes casos, o ideal é fazer contato com o seu pediatra.
Seguem indicações de hospitalização:
– Dificuldade para respirar: ficar muito cansada, irritada ou engasgada durante as mamadas,
– Episódio de apnéia,
– Bebês menores de 3 meses,
– Vomitar com frequência e em grande quantidade;
– Recusar alimento ou líquido durante mais de 4 a 6 horas;
– Urinar pouco (fralda seca por período superior a 12 horas);
– Tiver uma febre alta e persistente;
– Apresentar sinais de desidratação;
Quem faz parte do grupo de risco para o VSR?
Bebês com menos de 12 semanas, prematuros, ou que apresentem outras patologias como distúrbios cardíacos ou pulmonares crônicos, doenças neurológicas graves e de imunodeficiência congênita ou adquirida, são mais suscetíveis à doença na sua forma mais grave e têm, por isso, maior taxa de hospitalização e de necessidade de cuidados especiais, segundo a Associação Americana de Pediatria.
Tabagismo passivo, desmame precoce, ambientes pouco ventilados e com muita gente, podem afetar o fortalecimento do sistema imunológico da criança, e por isso, são fatores ambientais que favorecem a manifestação desses quadros infecciosos.
Como prevenir a infeção pelo VSR?

A melhor prevenção está diretamente associada aos cuidados básicos de higiene. Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, aplicar álcool gel antes e depois de entrar em contato com o doente e desinfetar superfícies e objetos expostos a secreções corporais contaminados pelo vírus, evitar aglomerações em locais fechados e manter distância das pessoas que apresentam sinais da doença, são medidas importantes para prevenir e controlar a disseminação do VRS.
Assim como outras viroses, a infecção pelo vírus sincicial respiratório não possui vacina e controlar sua disseminação não é tarefa fácil, principalmente levando-se em conta que os adultos são transmissores em potencial.
Mas para nosso alívio, houve um avanço na prevenção do VSR: o Palivizumabe, que traz em sua eficácia impacto comprovado na doença.
Apesar de não ser uma vacina, induz a uma imunização passiva específica. O Palivizumabe é uma imunoglobulina de aplicação intramuscular, que protege a criança com anticorpos contra o VSR, com eventos adversos pouco comuns, porém precisa ser aplicado a cada mês, por 5 meses e tem um custo elevado. Esses fatos levaram as sociedades científicas e governos a limitarem a indicação prioritária a alguns grupos, durante o período de maior transmissão.
A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, disponibiliza o medicamento para alguns grupos considerados de risco mais elevado, e recomenda sua aplicação entre os meses de fevereiro e julho.
A recomendação do Ministério da Saúde inclui grupos prioritários, como:
– Crianças menores de 1 ano, que nasceram prematuras, com idade gestacional menor que 29 semanas (28 semanas e 6 dias);
– Crianças menores de 2 anos, portadoras de doença pulmonar crônica da prematuridade e que necessitam de tratamento nos 6 meses que antecedem a sazonalidade do VSR;
– Crianças menores de 2 anos com cardiopatia congênita, com repercussão hemodinâmica.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também sugere a inclusão ainda de outros grupos como: bebês prematuros nascidos entre 29 e 31 semanas e 6 dias de idade gestacional, sempre que possível. E se baseia em evidências de que são grupos vulneráveis a formas mais graves da infecção, de forma especial nos primeiros 6 meses de vida. Para esses casos, a aplicação da medicação deve ser realizada em clínicas privadas de vacinação.
Sempre que tiver dúvidas, procure seu pediatra.