É muito comum em famílias uma pessoa mais experiente tomar a frente para curar o umbigo do bebê recém nascido até sua queda. Há um mito de que as pessoas não são capazes desse cuidado e que o formato do umbigo tem relação com os cuidados a ele dirigidos.
Vamos entender um pouquinho desse assunto?

Então, o cordão umbilical é um anexo exclusivo dos mamíferos que permite a comunicação entre o feto e a placenta. Os nutrientes e o oxigênio são enviados ao bebê através dessa estrutura, que permite o crescimento do ser mais importante de nossas vidas! A natureza é linda!
Mas quando o bebê nasce, essa estrutura perde a função. Aquele chorinho gostoso que escutamos mostra que os pulmões do recém nascido expandiram e agora eles é que vão fazer as trocas gasosas (antes feitas pela placenta). A boquinha que suga vorazmente o seio materno irá ser a responsável por buscar os nutrientes do leite materno através da amamentação.
Então, após o nascimento do bebê, o cordão ainda pulsa, mais sangue vai para o bebê e isso é importante para prevenir anemia nos primeiros 6 meses de vida da criança.
Quando clampamos o cordão, aí começa o trabalho de cuidar e todo o mito envolvendo o órgão…
Vamos a algumas informações importantes sobre o umbigo :
- O coto umbilical (o que fica ligado ao bebê) não tem terminações nervosas. Tanto que é cortado sem anestesia!!! Então, não precisamos de medo de manipulá-lo!
- Ele é formado por uma substância úmida e gelatinosa, que protege 3 vasos – 2 artérias e uma veia.
- O coto umbilical perde a função de levar e trazer nutrientes e trocas gasosas, a partir do momento em que foi clampado. Assim, sem vida, vai ressecar, endurecer e cair, dando origem a uma linda cicatriz umbilical (UMBIGO).
- O tempo de queda dessa estrutura varia de 7 a 14 dias em média, mas pode cair antes ou após esse período. Quanto mais fino, mais rápida é a queda e quanto mais grosso, mais demorado o tempo de queda.
- A medida em que o tempo passa, a substância gelatinosa e macia vai ressecando e ficando dura, preta.
- A base do umbigo, a pele que dará lugar a cicatriz, essa sim tem terminações nervosas e, se tracionada, pode gerar dor.
- No processo de cicatrização, pode haver sangramento, às vezes vivo, em pouca quantidade, as vezes sangue mais “velho”, em tom de borra de café, normalmente na base do umbigo. Isso é mais comum de acontecer após a queda do umbigo. Até a cicatrização total, é comum e não precisamos preocupar se isso ocorrer em pequena quantidade.
- O objetivo do curativo é envolver esse coto em álcool 70% ou absoluto. O papel do álcool (além de ser antisséptico) é ressecar mais esse coto, acelerando o processo de queda.
- Há culturas que não usam nada no umbigo – deixam ele cair sozinho. Tudo bem, a queda vai acontecer mesmo se o álcool não for utilizado.
- Chega um momento (após 3 a 4 dias em média) que o coto já está bem seco e duro, mas a base ainda está bem “molhada” e com uma secreção amarelada sem cheiro. Podemos acelerar o processo de queda usando um cotonete embebido em álcool e secar a base 1 a 2 X ao dia.
- Da mesma forma, quando o coto cai, essa mesma secreção aparece ao fundo do umbigo e pode ser secada com cotonete e álcool.
- É muito importante ter uma higiene adequada nesse local, para evitar infecções no recém nascido, já que é uma possível “porta de entrada” de micro organismos.
- Devemos procurar atendimento de urgência se a base estiver muito vermelha, com secreção fétida ou se o recém nascido tiver febre.
- Podemos lavar a região com água e sabonete, no banho, desde que sequemos bem com toalha antes de realizar o curativo.
- Não se pode usar nada diferente de álcool e gaze – já observamos uso de várias coisas inacreditáveis, como borra de café, telha, azeite de mamona, teia de aranha…. socorro!!!
- Não é preciso uso de faixas ou moedas para que o umbigo fique para dentro ou bonito. A faixa aperta a barriguinha do bebê e esquenta muito. Moedas, além de sujas, não interferirão com o formato do umbigo posteriormente.
- É muito comum, após a queda do coto umbilical, percebermos um estufamento local, uma hérnia umbilical. Não tem relação com os cuidados prestados ao mesmo!!! Nem ter ocorrido porque o bebê chorou muito! Se há uma hérnia, é porque ela já existia. Há uma falha na musculatura reto abdominal, onde esses vasos passavam e ela tende a fechar com o tempo, naturalmente. Hérnias umbilicais tendem a ter resolução espontânea até 4 anos de idade.
- O formato da cicatriz umbilical, após a queda do coto vai se modificando com o tempo, tende a “entrar” à medida que o tempo passa e o formato final vai depender da genética do pai e da mãe! Então, se o formato final não te agradou muito, reclame com o papai ou com a mamãe!!! E não com que cuidou do umbigo!!!